Sou Andarilho

Sou deste chão

E não tenho medo falar

Sou poeta desta estrada

E não posso mais amar

Sou andarilho

Um dia aqui

No outro estou lá

E depois estou ali

Sou bem aceito

Pelas ruas onde ando

Não tem quem não me aceite

Pois eu não sou um malandro

Um prato aqui

Uma sopa pra esquentar

Sou assim é assim

Que um dia vou acabar

Se eu morrer

Peço por caridade

Me devolva volta

Para a minha cidade

Eu fui expulso

Quando teinha só dois anos

Meu pai era um malandro

E maltratava os meus manos

Eu sei que isto

Não pode ser justificado

Um garoto muito novo

Por ai abandonado

Vou terminar

Pois não quero lhe contar

O resto desta história

Pãra você não chorar