#23
As noites mal dormidas
São reflexo de antigas feridas,
Sou tipo uma árvore no outono,
Caíram minhas folhas, e com elas, todos os meus sonhos.
E quando eu deito no meu travesseiro
Só penso em morrer pra escapar desse pesadelo.
Um devaneio no peito, filho da puta,
Escureceu a vista, mostrando uma nova luta.
De quebra, no canto, eu me pego ironicamente sorrindo.
Como ganhar a luta se eu sou o meu maior inimigo?
Ir contra a razão e a emoção,
Devolver de forma trágica toda ingratidão.
E esses pensamentos me deixam puto,
Uma batalha solitária onde só eu me machuco.
Mais uma vez, junto os caco e vou pra arena,
Tento me curar com o trabalho, mas a fita é outra cena.
Persuadido em meio à Babilônia,
Estou perdido, cadê o caminho da colônia?
E o final feliz que todo mundo fala?
Me sinto Kurt Cobain quando disparou aquela arma.
O estômago dói, contrai, a vida amarga,
A alma corrói, pensamento se destrói e a boca traga.