GAROA
Eu vivia os dias
Eu contava as horas
Nada era tudo
Doces ilusões
Eu vivia a mil
Sem exclamações e interrogações
Era só eu
E o que achava eu e meu
E eu e meu
E eu e meu
Eu senti um baque
Mas estava em pé
Vontade de chorar
Mas eu sorria em vão
Não por acaso ali, aqui
A poesia que eu não entendia
São cores fortes que irritam os olhos
Luzes tão intensas que a alma não queria
Acobertar mais o que o corpo escondia, entre ais e uis, mas persistia
É quase uma existência
A se violar
E eu nem nascia
E eu nem morria
E eu tropicava, corria, insistia, eu quase ia
Não era Estocolmo
Não era St. Louis
Sydney, Amsterdam, Culiacán não era não
E eu ia, eu ia, eu insistia
Não era Formosa
Não era Bahia
Lisboa, Luanda, Cairo, Dubai, Tóquio, São Petersburgo
Sem folego eu ainda insistia
Eu ia, eu ia...
Não era Toronto
Não era Durban
Zurique, Ypacaraí, Sinuiju, Praia, Caracas
Era eu, e eu, só eu
A me perguntar em Cachoeirinha (a todos os santos)
Pra onde eu ai
Se eu não saia
Nem permanecia
N’eu