Milena, quem tu és?

Nasci em 11 de agosto de 2 mil

E junto com o meu nascimento, o novo milénio se abriu

Me chamaram de Milena, mas onde já se viu?

Nascida na sacramenta e com nome de loirinha do rio

E os anos se passando e o meu destino surgiu

Representar na escola e tentar a nota da redação nota mil

Boa com as palavras, mas na oral nunca se viu

É por que me calaram com um fuzil

Fuzil esse que não era material,

Nem instrumental

Era invisível e tinha o poder de me fazer refém

Do meu próprio entender.

E construir o meu saber com base nos parecer

De irmão da mesma classe social,

Que não aparecia no comercial

Mas tava a fim de uma bolsa integral

Na faculdade que as férias é só no natal

Mas se nos desse oportunidade, fazíamos de lá o nosso quintal.

Vejo muito play boy tentando ser periferia

E quem é, foge da correria

Do medo da bala perdida

Enquanto namora na vila com a mina desconhecida.

Estupraram nossas escravas

Agora querem pagar de miscigenadas

Pau no cu dessas pessoas encubadas.

E eu falo palavrão mesmo

Ninguém aqui paga de escanteio

Pra viver no mundo da ilusão

E o teu dinheiro pode até comprar uma mansão

Mas pro céu vocês não passarão

Se continuarem com toda essa alienação.

Rap é pra se falar de amor,

De respeito.

Mas também é pra falar da dor de cada irmão preto

Que por aqui perde o seu direito.

Na rima eu me garanto, e não sou pro seu peito

Por que aqui eu aprendi que amor mesmo só se vê se nós ficarmos no leito.

Abaixei a cabeça e veio vários para encarar

Levanto a cabeça agora e quero ve quem tem coragem para peitar

Mas tem que me ganhar na ideologia, na escrita

Não vale frase feita e nem risada de mina mal comida.

Me envolvi com covarde, com muleke

Mas pode ter certeza que comigo não era só boquete

Abria a mente e tentava mudar

Até pq ninguém nasceu pra ser merda, ou será

Que um dia quando eu ia te buscar

Agradeceu por saber que comigo tu estavas no teu lugar?

É possível evitar o não para não se machucar

Só que quem muito “não” fala, uma hora não irá durar

O amor ele vem para nos salvar

Mas to falando do amor daquele lá de cima, que te olha de lá

E te cuida pra cá

Quando tu não merece nem jantar

Por tua ingratidão com quem morre quase todos os dias pra te sustentar.

Vamos lá, rap do norte

Vamos representar

Vamos mostrar pros estados que aqui também tem conceitos para se dá

Vamos mostrar que em século vinte e um o hip hop ainda pode mudar

A vida das pessoas, até se eternizar

E virar um movimento, ate chegar o dia em que na igreja vão rezar

Pros Mc não pararem de lutar

Pros menorzinhos que o mundo ainda irão enfrentar.