SOU MAIS MEU SAMBA

Me pediu pra escolher

Entre a noite ou ela.

Não tive pra onde correr,

Que saudades, minha Cinderela.

Ela não acreditou

Que a noite é o meu trabalho.

De onde trago o sustento

Pra pagar as contas,

Fazer o churrasco.

Desconfiou de mim,

Falou que eu não vivo de Samba

Que é conversa fiada,

Que não tenho jeito de bamba.

Tive que me decidi

Entre a corda e a caçamba.

Não pensei duas vezes,

Peguei o cavaco,

Coloquei no saco

Junto com a muamba.

Peguei o beco, desci a ladeira;

Bati a poeira, segui em frente.

Hoje vivo ainda nos sambas,

Cantando, alegrando, estou no batente.

Ganhando o meu quinhão,

Continuo levando a bandeira.

Ela falou besteira, perdeu de bobeira,

Meu amor latente.