Travessuras do tempo
Eu sou pivete, pés no chão, camisa aberta
Não quero andar nem de patins nem bicicleta
Quero a poeira e um pneu de caminhão
Não ruas cheias de cimento e solidão
Desço ladeira pra avistar o meu menino
Cabelo ao vento, pés no chão jogando bola
Entrar na roda, quando eu era pequenino
Dizer um verso bem bonito e ir-me embora
Me diga, moço, então quem foi que destruiu
O matagal e avelha ponte que partiu
E a laranjeira que um dia floresceu
Não diga, moço, que o gato já comeu
O anel que tu me deste era vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas era pouco se acabou
Eu sou moleque atravessando o tempo
Seu rei mandou eu viajar no pensamento
E a merendeira pendurada no pescoço
Lata vazia a mergulhar no fim do poço
O meu brinquedo é a liberdade proibida
Mexer botão eletrizando a ferida
Meu estilingue joga ferro, feito vômito,
Meu avião brinca sozinho, é supersônico
Me diga, moço, então quem foi que destruiu
O matagal e avelha ponte que partiu
E a laranjeira que um dia floresceu
Não diga, moço, que o gato já comeu
O anel que tu me deste era vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas era pouco se acabou