CHORO DE UM CANGACEIRO

Fui cangaceiro
Já perdi muita viagem
Mas não perco a coragem
Do meu coração agreste
Lampeja em fogo
Minha garrucha de novo
Do meu lado cai um morto
Mas não perco a coragem

Vem, que vem
Pro Rio
Nessa moda de viola
Vem, que vem
Pro Rio
Essa moda me consola

Céu fumegante de uma brisa
Não suave
Os meus olhos veem miragem
De uma poça de sangue
Ser cangaceiro, ser poeta,
Ser volante
Na cabeça estonteante
Zumbi um tiro traiçoeiro

Entrincheirado num escuro
De um buraco
Largas botas de sapatos
Já me traz gosto de morte
A fantasia uma certa alegoria
De manhã ao sol do dia
A esperança dá saudade

Escorre lento da saliva
De Zé Bento
Cor de cinza de cimento
Misturada ao léu do vento
Lá na trincheira chove bala
A noite inteira
Passam dias , vem ligeiro
Choro de um cangaceiro
Celso Custódio
Enviado por Celso Custódio em 23/04/2017
Reeditado em 22/08/2019
Código do texto: T5979098
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