(tempo de espera)
tento aquecer a noite
ouvindo nossas canções
nenhuma frase
reaviva a memória
nenhum poema
ativa os sentidos
é como se tivessem
apagado os nossos passos
cortado os laços
violado o espaço
se ando te vejo
no outro lado da história
se durmo sonho com você
do outro lado do espelho
em tempo de espera
espinho por fora fere
e por dentro d-i-l-a-c-e-r-a
para aguentar o tranco
trinco os dentes e soco o ar
xingo em versos brancos
conto até dez para não surtar
e com a ponta dos dedos
vou riscando o céu
digitando segredos