Profeta de Agosto
A morte vem sempre aqui
No riso de quem não quer
Ás vezes despreza o homem
Mas leva-lhe a mulher
O câncer ou um enfarte
O fogo ou o lotação
Tem gente que vive em parte
Tem morto já o coração
Eu vi o rosto liso do Profeta de Agosto
À tarde tinha um friso e o friso é meu desgosto
Eu vi ...
Procura-me encapuçado
Vem logo a minha vez
Desta ou de outra maneira
É hoje ou no outro mês
Eu vi o rosto liso ...
Os ventos de mau agouro
Desídias do mês de agosto
As velas em cada canto
São quatro último imposto
Eu vi o rosto liso ...
(Pitangui, MG, 1972)
(Ritmo: Baião)