Rastro de sangue
Um rastro de sangue no asfalto
Não é tinta, nem baton diluído
É sangue de gente
Sangue de gente
Iê, iê
como pode ser assim
como pode ser assim
Saiu da terra natal
Veio pra capital
O capital engoliu seus sonhos
Foi morar na favela
Também pudera!
Não quer trabalhar; é vagabundo
Iê, Iê
Como pode ser assim
Como pode ser assim
Procurou escola pra estudar
Lá disseram
Aqui não vai dar, não vai dar
Virou mascate e camelô
Por essa cidade muito andou
Bairro chic conheçou
Pra eles tudo, nada eu?
Perguntou
Iê, iê
Como pode ser assim
Como pode ser assim
Pra favela ele voltou
O barraco não encontrou
Derrubaram tudo, ele ouviu
Foi pra rua, foi gritar
Um rastro de sangue no asfalto
Não é tinta, nem baton diluído
É sangue de gente,
Sangue de gente