EU TÊNUE

Saia, apenas me deixe.

Hoje não estou para ninguém.

Não quero abraços, não quero olhares

Nem tampouco quero palavras.

Não quero comida, não quero agasalho

Não quero sorrisos e nem luz.

Não quero sorrir, apenas chorar.

Que acabe então! Que acabe!

Pro inferno isso tudo! Pro inferno!

Se for para sofrer, que sofra com tudo.

Há uma dor aqui, latente

Que me corta e fere,

Se for para doer, que doa então!

Que dane-se tudo!

Me chame de melancólica então,

Que acabe-se tudo! Que dane-se!

Me chame de dramática então,

Que foda-se! Que acabe!

Que me acabe! Que me termine!

Que caiam os céus! Que movam-se os montes!

Que termine-me então!

Que os mares me afoguem!

Há uma tristeza maior que as gotas

De água salgada no mar,

Vamos, me chame de depressiva!

Que dane-se tudo!

Que acabe! Que termine-me então.

Sou líquida, sou tênue

Desmancho na palma de sua mão.

Sou frouxa, acabo-me

Termino-me então.

Que chore! Pois chore!

Que morra, inútil

Que eu acabe!

Que agonize-me, que arrependa-me.

Que evapore-me.