Despedida de um vaqueiro

Quando eu morrer

Eu quero ser

Enterrado no sertão

Na sombra do Juazeiro

Onde mora o azulão

Assim todos os dias

Vou ser saudado com alegria

Para espantar a solidão

Mesmo que eu não ouça

A cantoria do azulão

Na sombra do Juazeiro

Também se reúnem os vaqueiros

Para o gado esperar

E enquanto o gado não chega

Eles não param de aboiar

O gado vem berrando

Parece até chorando

E também vem me saudar

Parece sentindo a falta

Do dono do lugar

Vou pedir aos meus amigos

Que coloquem junto comigo

Dentro do caixão

Meu chapéu de couro

A perneira e o gibão

Quem sabe lá no céu

Haja um menestrel

Que em sua apresentação

Queira representar

Um vaqueiro do sertão

Ou então São Pedro

Queira juntar

Os vaqueiros que lá estão

E fazer uma grande festa

De apartação

José Paraguassú
Enviado por José Paraguassú em 13/06/2016
Reeditado em 14/06/2016
Código do texto: T5666176
Classificação de conteúdo: seguro