Desolação
Vento que corta o meu sertão
Levantando poeira na escuridão
Levando a esperança que brota da terra
Matando a semente plantada no chão
E a chuva não chega
É ano de seca
É a terra que seca
É desolação
O sol inclemente castiga a terra
Quem conhece a fera
Não vê solução
Sabe que a fome
Humilha e consome
Matando aos poucos
Não tem compaixão
Nem mesmo as promessas
Trouxeram a esperança
De ver a chuva
Cair no sertão
Piedade, Senhor
De nossos irmãos
Que sofrem e padecem
Mas não deixam o sertão
Sem pasto e sem água
Tudo se acaba
É só aflição
Só sobrou
Macambira e mandacaru
Meu irmão
O sertanejo é forte
Enfrenta a morte e a privação
Esperando que a chuva
Chegue de novo
E que a vida um dia
Rebrote do chão