10º andar
Aqui de cima a vista é engraçada
Cheio de rostos, não demonstram nada
Não se vê sorrisos, não se vê olhares
Só carros e sombras, zumbidos e lugares
Sem vida e emoção, pessoas
Buscando a perfeição
Aqui de cima a vida não é nada
Na calçada: corpos a sós
Outros, com dó, pena
De quem não tem ninguém, nem onde
E outros que até se escondem
Da vida, dos enganos e fracassos
Outros da família, outros do descaso
Aqui de cima a vida é muita paz (nunca mais!)
Perto de quem não tem mais carinho, só saudade
Quantos venderam a liberdade?
Em troca de promessas de verdade
Que muitos vendem e te prendem
Com uma falsa felicidade
Aqui de cima a vida é de mentira
Altares com pessoas vivas
O egoísmo como característica
De todos, do povo
Que sofrem desse mal e não saem desse poço
Aqui de cima a vida...
É muito tarde