Testemunha do depois

Há quase cinco dias não escondo o rosto

Sou sombra escurecida desse sol exposto

Que insiste em nos iluminar

Hoje ando pobre porque sei o gosto

Daquele prato frio que é servido aos outros

Que impedem o seu bem estar

Apavorado sinto que a chama queima

As folhas do diário que um dia escrevi

Com as histórias que não te contei

Não sou equilibrista mas eu sei que posso

Viver na corda bamba, corda no pescoço

Mas não caio se me balançar

Tenho medo de que um da isso acabe

Tenho medo que um dia não consiga dizer

Que não vi, que não estava ali, que fui pra casa

Vaso de porcelana com detalhe em osso

Ou simplesmente um balde atirado ao poço

Para mim diferença não faz

Se veste como se fosse uma Deusa Grega

Ou como bailarina que desaprendeu a dançar

E aos homens seu corpo mostrar