CORDEL EM MINAS
Embaixo do sol que queima
Tem livrinho pendurado
Poesia que vive da teima
Rompante de palavreado
De quem mal lê mas precisa
E escreve com palavra precisa
Saber pelo povo guardado.
Coisa que não nasce no céu
Mas sabe voar em pavão
Vem aqui se exibir no cordel
Junto de rapadura e feijão
Não usa de boa maneira
Se abrindo no meio da feira
Para todos ensina lição.
Mandou Lampião pro inferno
Faz rir com Pedro Malasarte
E agora, no tempo moderno,
Se quiser vai até Marte
O imaginário é seu fermento
Aumenta pequeno argumento
Engendra uma grande arte.
Viaja por esse país afora
Anda na mala do retirante
Ainda traz o outrora pro agora
Poesia do povo leva adiante
O cantador não se enrola
Solta a voz, ponteia a viola
Canta o cordel com modo galante.
Mas chegando aqui em Minas
O cordel se mistura e modifica
O caipira, vendo as meninas,
Pra agradar não se complica
Fala que é pra ter medo não
Lampião matou o cão
Vamos voar de pavão
Malasarte me deu a dica.