3 "SAMBINHAS" DE 1 NOTA SÓ!

(OBS: trecho de crônica recém-publicada, apenas com as LETRAS de 3 sambinhas descompromissados:)

Aprendi a gostar de samba colado à parede do quarto-sala do barraco, a menos de 2 metros da bateria do Bloco, num local onde tinha imensa pedra negra, granito que presenciou festas e também muita patifaria, já que a malandragem se reunia toda madrugada "bem debaixo de nossa casa", que ficava trepada numa pedreira.

Infelizmente, nunca me senti parte do Morro e nem daquela vida de sacrifícios e privações, não me relacionava com praticamente ninguém -- embora nascido lá e tendo vivido naquele martírio por quase 15 anos -- e, como era tímido, nunca frequentei a quadra de samba, exceto uma noite qualquer, na escolha da melhor sambista do Bloco. Mas não perdia um segundo dos ensaios, "grudado na parede" do barraco e vendo tudo pelos buracos dos pregos outrora existentes. (OBS.: inicialmente, naquele local havia apenas um barracão que servia para as sessões de "macumba" de um jovem chamado de "Pai JORGINHO". Mais tarde, o sujeito foi alojado na encosta do morro e a área virou campo de futebol a semana inteira e quadra de samba aos sábados/domingos.)

O VILA RICA e seus magníficos compositores influenciaram minhas primeiras produções na área da Música e, adiante, me tornei fã de sambistas renomados -- Martinho da Vila, Paulinho da Viola e Clementina de Jesus, entre tantos outros e outras, Elza Soares principalmente -- sem esquecer os nomes e as composições dos principais sambistas (do Bloco) dos primeiros dias dos coloridos e roqueiros anos 70.

(OBS: foram excluídas várias frases, a partir daqui!)

************************

Jamais mostrei meus "sambinhas" para quem quer que fosse e admirava o pai da Sandra -- minha bela vizinha, amiga de infância -- conhecido por "Pauzinho" que, com uma lata d'água sobre a perna, passava horas cantando seus sambas, acompanhado do amigo e vizinho, seu "Bené", batendo copo ou 2 colheres.

Infelizmente, recentemente a esperança me abandonou e cansado de sonhar em ver meus trabalhos sendo cantados (ou até gravados), toquei fogo em tudo. Viraram cinzas mais de 600 poemas (entre trovas, sonetos, cordel e poesia livre) e pelo menos umas CEM MÚSICAS, entre elas uns 30 sambas, boa parte em homenagem ao bloco Vila Rica, inclusive um samba-enredo sobre os vikings e a pedra da Gávea, cujo título era "A Cabeça do Imperador"!.

Sobrou na memória senil o que está abaixo, trechos de "sambas de terreiro", CURTINHOS como devem ser, já que ficam "na fila" para cantar até a alta madrugada uns 15 ou 20 compositores, nas grandes Escolas de Samba até mais do que isso. Aí vão:

Vamos cantar

para tod'as regiões

as mais lindas canções

que o povo quer ouvir

e nosso samba

que é todo harmonia,

alegria e fantasia,

vai o povo seduzir.

(refrão/BIS)

Vamos cantar,

ó moçada brasileira.

Vamos sambar,

juventude altaneira,

que o VILA RICA

vai tocar a noite inteira...

que o VILA RICA

vai sambar a noite inteira.

"NATO" AZEVEDO

********************************

(refrão/BIS)

Vem lua, eh, vai lua, ah...

nêgo no batuque

não para de batucar.

I

Nossa bateria

está botando "prá quebrar".

É samba, show e alegria,

o VILA não pode parar.

"NATO" AZEVEDO

(CONTINUA...

esqueci o resto da música)

**********************************

Surdo, cuíca e pandeiro

pela noite a batucar...

é o "samba de terreiro",

a chuva caindo devagar.

É o VILA RICA quem diz:

"nosso samba não pode parar"!

E eu me sinto feliz

em dele participar.

(refrão/BIS)

Samba, show e alegria

o VILA RICA tem...

mas ritmo e harmonia

é importante também !

"NATO" AZEVEDO