SOU PRETO... Sou Brasil

SOU PRETO... Sou Brasil,

Minha cor me dá orgulho,

Sem querer ser superior,

Pois preto é minha cor, de brasileiro agogô.

Minha cor tem raiz,

Raiz essa africana e um pouco europeia,

Sou rapaz de olhos castanhos,

Que é pobre, mas muito alegre,

Minha cor é de escravo que sofreu sem merecer,

De batuque africano assim feito pajé gê,

Sou menino de terreiro, de moleques brincalhões,

Do pião rodopiando, em arco íris urucus,

Sou negro de raça pura,

Sou homem que não brinca, em átrios de sanhaços,

De dançar feito um guerreiro, sou um preto urutu.

Sou da África berço mãe, sou do berço arerê,

Homem de alegre história sem medo de candomblé,

Preto, preto sou, e não tento enganar,

Pois de raça são as criaturas de cultura iaiaiá,

De mãos calejadas é feito os brasileiros,

Pois de pás ou canetas é feito um jacundá,

Sou preto de lembranças, de tristeza ora vixe,

É os pretos do baião, da dona Candinha,

Sou preto de sambas, e amores, eu sou preto principesco,

Sou preto de paixões, sou preto com suingue,

E de preto com frescor, minha cor me banha por inteiro,

Eu sou preto, preto negro, que se ama em lindeza,

De pretos são os brancos, os índios e os japoneses,

Só não é preto com certeza,

Os nazistas Katinguelêses,

Os pretos italianos, os pretos ingleses,

Os pretos alemães, os pretos franceses,

Todo mundo é um preto, ou um pouco timorense,

Eu sou negro brasileiro,

Sou um negro de angola, sendo rico ou pobre,

Eu me valho dos meus deuses, de rezas de guerreiros,

Eu me chamo filho da mãe África,

Eu me chamo português,

E de ser de tudo um pouco, eu propago todos os gostos,

Sou preto sofredor, sofredor sem nenhuma tristeza,

Pois de males são os negros,

Do novo e velho mundo,

De beber café com minha cor,

Eu traduzo um mistério,

Que a bebida é sincera, quando fala da nossa gente.

Sou preto, sou preto, sou preto,

De todas as misturas,

Quem se ama por ser negro, tem uma grande vantagem,

Pois dos confins da separação entre os homens,

É que nasce a fraternidade,

Brasileiro eu sou muito, e me faço testemunha,

Do amor entre dois mundos, é a cultura dos Guaxupé,

Eu me gosto por ser negro, negro tuiuiú,

Da embebe da flor dos xererés,

De Moçambique são minhas amadas,

De cantar a minha cor,

Pois de pretos são os negros,

Que renasce os aguapés, e aguapés são os meus rios,

Do amazonas minhas glórias as araras Canindé,

Eu sou preto que se gosta, mesmo meu país me esquecendo,

Pois se as leis são de brancos, de vinganças são os afoxés,

Preto que namora a beleza, das moças de cor,

A beleza africana, as joias de Moçambique.

Brasileiro eu sou e fui, mesmo sem nenhum querer,

Pois nascendo em berço humilde, eu apenas vivo,

Sou negro pobre, mas não infeliz,

Tenho pernas, tenho braços e até como girassóis,

Quem me viu a dançar, nunca viu coisa mais honesta,

Não sabe da minha história, de um negro serelepe,

Pois de rezas a nossa senhora, são os felizes caracarás,

Os negros são todos uns deuses, de Oxóssi pai poético.

De poesias é minha cor, minha cor de um nordeste,

Onde o brasil com preconceitos,

Criou um mundo de contraste,

Preta cor brasileira, se fez nação minhas glórias,

Preto sou, sem nenhuma vergonha,

Pois de gente preta brasileira, veio os povos ingleses,

Se fez nação de cores nobres,

Ser preto louro ou indígena, americano de pele vermelha,

Nação preta essas são minhas lendas,

Eu serei preto para sempre,

Brasileiro negro jovem, brasileiro com orgulho,

Sou poeta de liberdade,

Sou todos os negros do mundo.

Sou todos os negros no mundo...