Memória
Esqueci a porta aberta
Como quem esquece que parou de fumar
Um antigo vício torpe
Que insiste em te deixar entrar
Esqueci que aqui faz frio
Pois teus braços são nada mais que ilusão
Deixei pela sala os sapatos
Mas não tive ainda a coragem de pôr os pés no chão
Esqueci das tuas promessas
Como quem tange a morte e vive em paz
Arrisquei ruir em teus olhos
Palavras que nunca voltam atrás
Esqueci teu gosto e teu nome
O cheiro, a voz, o calor e o cetim
Como quem esquece as roupas na chuva
Devo ter esquecido inclusive de mim?