Memória

Esqueci a porta aberta

Como quem esquece que parou de fumar

Um antigo vício torpe

Que insiste em te deixar entrar

Esqueci que aqui faz frio

Pois teus braços são nada mais que ilusão

Deixei pela sala os sapatos

Mas não tive ainda a coragem de pôr os pés no chão

Esqueci das tuas promessas

Como quem tange a morte e vive em paz

Arrisquei ruir em teus olhos

Palavras que nunca voltam atrás

Esqueci teu gosto e teu nome

O cheiro, a voz, o calor e o cetim

Como quem esquece as roupas na chuva

Devo ter esquecido inclusive de mim?

Luiz Otávio Esteves
Enviado por Luiz Otávio Esteves em 08/12/2015
Código do texto: T5474319
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