Alma penada
 
Tomei três caixas de tarja preta,
dancei, tropeços pela sarjeta,
perdi, afagos da minha preta,
morri, varado pela lambreta.
 
Hoje sou só mais uma alma penada
das coisas da vida não toco mais nada
tentei com São Pedro uma volta negada
e a Compadecida se disse ocupada.
 
No céu me dei mal na mutreta,
ninguém lá me deu muita entrada,
achei toda gente careta
e contra mim mancomunada.
 
De tão longe a Terra é só mais um planeta
pela Via Láctea flanando azulada
que acabou me passando pela veneta
o por quê dessa massa obstinada
em forrar de caraminguás a maleta
se dessa vida não se leva mais nada.
 
E assim minha alma foi libertada!
E assim minha alma foi libertada!
E assim minha alma foi libertada!
 
Fábio Amaro
Enviado por Fábio Amaro em 25/10/2015
Código do texto: T5426316
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