ONTENS - Vinnicius Cladu.
A vida é um paraíso no tempo
Que vaga, flutuando nas horas
Que são, simplesmente, as senhoras
Que mudam destinos e ventos
A brisa, quando traz lembranças
São todas sobre você
Na nossa feliz cidade
Com toda a felicidade
Dos dias em que passamos
Grudados, cantando aos berros
Um amor comparado aos ferros
Que, hoje, aprisionam "ontens"
Eu sinto que estou doente
Não tanto quanto
Ao meu pobre coração
Que, desde que fui embora
Não teve um dia feliz
E herdou uma cicatriz, que não pára de doer
E eu pude perceber
O quão me fazias bem
Desistir do teu pra sempre
Não foi a melhor escolha
E agora eu saio da lama
Que, um dia, eu mergulhei
Fugindo daquela cama
Que, ainda nem te entreguei
Com medo de amar o amor
Que amava poder te amar
Eu sou um réu, num crime culposo
Tentando fugir do dolo
Que, agora, me aperta o peito
E se ficar desse jeito
Tornar-se-á'bsoluto
No mesmo pecado bruto
Que a Eva já cometeu
Eu não mordi a maçã
Mas, não por vontade pouca
Pois, quando há água na boca
Pecado já aconteceu
Às vezes me sinto seu
E noutras de ninguém mais
E sigo em paz...
Valente - BA, 19 de outubro de 2015.