O gramofone
 
O gramofone no canto da sala
é testemunha, na noite à calada,
silencioso, é como as bromélias,
segura as roupas, dois corpos pelados:
engalfinhados, são como um pedaço
de alguma coisa perdida no espaço
solta no tempo, sem nenhum compasso,
que se faz ardente para ser feliz.
 
Todas as coisas
inanimadas
são duradouras
como as estátuas,
vencem amores
e o cansaço,
e são permanentes, força de raiz.
 
Já escutaram tantas palavras,
já ocultaram tantos segredos,
desvaneceram todos os medos,
presenciaram tanta tristeza,
e ficarão, há essa certeza,
quando toda gente tiver que partir.
 
Fábio Amaro
Enviado por Fábio Amaro em 17/10/2015
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