NA BOCA DA NOITE
Boca da noite é lusco-fusco,
Hora incerta e eu me ofusco
Não vejo bem, chego de brusco
E não acho o que eu busco.
Não tá claro, nem tá escuro
Dou de cara com o muro
Não tá escuro, não tá claro
O que me vale é meu faro.
Boca da noite, me desgoverno
Seja outono ou faça inverno
Me valei meu Pai Eterno
Parece a boca do inferno.
Não tá escuro, não tá claro
O ingresso é muito caro
Não tá claro, não tá escuro
O que vai ser do meu futuro?
Boca da noite, hora ruim
Vocês podem ir sem mim
Tinha que ser difícil assim?
Será que é herança de Caim?
Tá claro mas tá escuro
Eu me sinto inseguro
Tá escuro mas tá claro
Tenho que botar reparo.
Olha a boquinha da noite
Ela quer que eu me afoite
Fica pior à meia-noite
Eu não vim para pernoite.