Vida de matuto

Quando acordo

Por um galo cantando

Sei que ele esta anunciando

Que o dia já vai raiar

Desço da rede

Jogo milho no terreiro

As galinhas descem do poleiro

Para se alimentarem

Detrás da serra

O sol já vem surgindo

Vejo que os meninos

Também se levantaram

Sinto o aroma

Do café que estar quentinho

Tomo logo um golinho

Antes do quebra jejum

Vou lá à roça

Trago milho macaxeira

Feijão verde e melancia

E um jacá de jerimum

O papagaio diz que quer comer

Chama o cachorro pra ir ver

Os porcos que estão fugindo

Eu não sou rico

Sou um homem da roça

Mas aqui eu sou feliz

Do que eu preciso

Tenho de tudo

Eu sou matuto

Mas não tenho depressão

Pra que viver

Lá na cidade

Sendo escravo do trabalho

Pagando impostos

Para sustentar ladrão

Eu até acho

Tudo isto um absurdo

Por isso mesmo

Eu vou ficar

No meu sertão

José Paraguassú
Enviado por José Paraguassú em 16/09/2015
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