Vida de matuto
Quando acordo
Por um galo cantando
Sei que ele esta anunciando
Que o dia já vai raiar
Desço da rede
Jogo milho no terreiro
As galinhas descem do poleiro
Para se alimentarem
Detrás da serra
O sol já vem surgindo
Vejo que os meninos
Também se levantaram
Sinto o aroma
Do café que estar quentinho
Tomo logo um golinho
Antes do quebra jejum
Vou lá à roça
Trago milho macaxeira
Feijão verde e melancia
E um jacá de jerimum
O papagaio diz que quer comer
Chama o cachorro pra ir ver
Os porcos que estão fugindo
Eu não sou rico
Sou um homem da roça
Mas aqui eu sou feliz
Do que eu preciso
Tenho de tudo
Eu sou matuto
Mas não tenho depressão
Pra que viver
Lá na cidade
Sendo escravo do trabalho
Pagando impostos
Para sustentar ladrão
Eu até acho
Tudo isto um absurdo
Por isso mesmo
Eu vou ficar
No meu sertão