EU AINDA SOU UMA CRIANÇA

Eu ainda sou
No fundo eu sou ainda uma criança
Que birra, chora, que não sabe o que fazer
E essa criança se distancia de mim, cada vez mais, não sorri
Se esconde embaixo de uma mesa
Quando o chão começa a tremer
E as pessoas acham que isso é besteira
Que eu não tenho o direito de parar
Se eu não gosto, se não quero, se não faço, estou errado, muito errado
No meio disso tudo não há pra onde fugir
Já me disseram que pra onde você for sua sombra te acompanha
Cai no buraco mais escuro
Se olha no espelho, não se vê e volta pro mesmo lugar
Então pra não cometer os mesmos erros de sempre
Me recolho ao mais necessário dos silêncios
E tento descobrir quem sou eu
Talvez não o verdadeiro
Por que o sistema sufoca a criança que quer sair
Crescemos muito rápido
Envelhecemos mais ainda
Deixamos de lado as sensações mais autênticas
Somos levados somente por preocupações
Tudo é movido por regras, por leis.
Não há mais espaço para gangorras, gira-giras, escorregador
Comemos lixos cada vez mais novos
Computadores de última geração.
Atrás de grades e câmeras escondidas
Vamos exterminando nosso Id
Vamos gerando nossa destruição
Em ambientes cada vez mais frios
Deixamos que digam o que devemos fazer
Mas em algum cantinho não visto há sempre a luz da revolução.