A FAXINA – VINNICIUS CLADU.
Chega um dia em que percebemos o lixo em torno de nós
O dia em que a gente vê que o quintal está sujo
Às vezes, na maioria das vezes
Nem temos mais forças para lutar e limpar
Mas, o pouco que resta, num flash luzente
Nos mostra o caminho, a porta escondida
Da qual não sabíamos e que já deveria ter sido aberta
Mas, tudo bem, tudo no seu tempo
A faxina na vida se faz necessária
Diante dos olhos chorosos e tristes
A luta diária da alma infantil
Diante de um corpo, no qual já foi casa de almas maduras
Que, diante da morte eterna, preferem viver
Sentado no canto do quarto
Tentando reler a partitura da própria existência
Afastando a carência, jogando na lata o que já não serve
Melodias que nasceram um tanto fora do tom
Mas, que, quando criadas, pareciam perfeitas
Há lixo, muito lixo
A faxina será do tamanho cura
A mente madura se faz com limpezas
E aceitando as fraquezas nos fortalecemos
Por muito tempo sujei meu quintal
Agora chegou a vez da faxina
Faz-se necessário uma nova composição
Talvez até mais poética diante da maturidade da alma
A qual transpassou o deserto negro, o vale das sombras
Depois de ter o coração crivado pelas balas do Colt
A ressurreição se fez no que ainda vive.
Feira de Santana – BA. 15.06.14.