QI (Quem é?)
Menino maltrapilho
Incomoda com sua presença
Consegue se sentir alguém
Quando lhe dizem ter inteligência
Talvez um engodo
O mal necessário
Para conseguir sobreviver
Quando não há nada
Que lhe faça parecer
Valer a pena continuar
Com um lápis que ganhou
De moedas do avô
Se irrita ao fazer suas lições
Quando a ponta quebra
O apontador come até acabar
Logo cedo percebeu
Que qualidade é raridade
E tem valor quando se encontra
E cabe dentro do seu bolso raso
Aparências enganosas
Embalagens vultuosas
De dizeres imponentes
Leia!
Você não é inteligente?
É tudo lixo,
Tem que se contentar com o regime
(Ou não)
É tudo lixo,
Ter que viver parece um crime
(Oh yeah)
Tênis furados nas solas
Encharca os pés quando chove
No recreio da escola
Joga bola com suas sete léguas
É melhor que merenda
Mas logo quer parar quando se lembra
Que acabou o gás no barraco
E seu pai está sem renda
Mas sua mãe se vira nos tamancos
Jantar será feito na lata de álcool
Prato rápido só pra tapear a fome
Dorme cedo que ela passa
Se não dormir você reza
Dorme cedo que a fome passa
Se não conseguir então você reza
Oh tia, sobrou sopa de feijão?
Oh tia, ainda tem aquele macarrão?
Oh tia, aquele prato esquisito (esqueci o nome)
“Meu filho, acabou o risoto, vai ficar com fome”
“Já vai soar o gongo
Vá pra aula estudar
Seu futuro depende
Da sua inteligência”
É tudo lixo,
Tem que se contentar com o regime
(Ou não)
É tudo lixo,
Ter que viver parece um crime
(Oh yeah)