Poeta Incontido - Vinnicius Cladu.
O nó da minha garganta ía se desatando
Enquanto minha mão percorria
Na folha a caneta cuspia
A vela ia se derretendo
E o rio dos meus olhos correndo
Veloz, como a chuva que cai
Papel lagrimado temendo
Caneta tremente à mil
Pupila de alma dilatada
Bem quistos destino e estrada
Chuviscos de versos sem fim
Escadas rolantes de luzes
Mil elevadores da dor
Que já não elevam mais nada
Nem dor, nem piscina de flores
Nem tédio, nem ego ou penhores
Qua há muito deixaram ali
Vaidades que o tempo engoliu
Como quem engole um uísque
Fugir só aquece a tolice
Perder sem perder a bondade
É só pra quem tem a verdade
Cravada com a espada em seu ser
O beijo onde a língua se esconde
Esconde o ator que beijou
Quem cantou por trás da cortina
É quem, na verdade, cantou
Quem tanto esperou boa hora
Nas horas se aprisionou
E a chave que é a liberdade
Fugiu da cidade
Voltou pro sertão.
Valente - BA, 22.04.15. (11:36).