RODA-GIGANTE/LABIRINTO - Vinnicius Cladu.

Que horror

Acordar com os olhos fechados

Olhar-se no espelho que os olhos são

Pensar no escuro que a vida é...

Isso dá medo

Dá medo saber que a porta está aberta

E que, um só pé, lá fora desperta

Desejo e cobiça

Ou ira em alguém

Que o mundo lá fora é um labirinto

Dá medo, eu não minto

Lá fora

O amor e o perigo vagueiam iguais

Vejo o azul do céu

E imagino o infinito que ele é...

Penso que a noite tem medo do dia

Pois, quando o dia vai chegando

Ela já vai se escondendo

No escuro que ela mesmo faz

E faz sua lua de sol

Camufla-se em si

Por medo, talvez

Dá medo me ver assim cheio de vida

E ir de encontro com tudo

Que ela já me reservou

Dá medo da sombra que árvore faz

Medo de não tê-la em dias de sol

Dá medo enxargar o prato

E não ver nem um pão

Dá medo que água evapore de vez

Dá medo. Quem fez... essa roda gigante?

Dá medo abraçar e encontrar no outro abraço

O medo que foge do medo de cá

Dá medo de tudo, até de sonhar

Dá medo do medo de um dia ficar só

Dá medo da briga entre o bem e o mal

E até do espelho no abrigo central

E até dos acordes daquela canção

O que será que o nó da garganta diria

Se você bebesse coragem

E de um avião pulasse

E o pára-quedas sumisse

E, enfim, suas asas se abrissem

O que será que seria...

Não vão revelar o segredo

Segredo nunca se revela

Bem como, sobre aquela luz

Que vem do pavio da vela

Dá medo essa ansiedade

Que vem e eu não sei se é sincera

Que vem de quem tanto me espera

Fascínio é esse eterno segredo

O que me traz todo medo

O que me faz caminhar.

Valente - BA, 18.04.15. (14:00).

Vinicius Cladu
Enviado por Vinicius Cladu em 18/04/2015
Código do texto: T5211685
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