CANIBALISMO AMOROSO
[Narrado...]
Planeta terra
Entre três da tarde e quatro da manhã
Nada de vizinhos, família, emprego, aparências
Não é mais simples, mas é menos nocivo
Sem correios, telefones e internet
Me cansei de todos os pontos sociáveis de referência
Me sinto menos sem rumo dentro do barco
Entre água, ventos, incertezas, noites, chuvas e sol
Estou menos viciado
Mais perto de voltar a sentir prazer
Faz mais de um ano sem absinto
Dores fantasmas que ainda sinto
São tantos tragos sem nenhum beijo
Corpos estranhos que sinto e vejo
Mas não existem fora de mim...
[Cantado...]
Você sente todos os sintomas
Mas nega com veemência a doença
Despreza a realidade
Como se não houvesse consequência
Você está tão longe
De si mesmo, da paz e do amor
Dançando por entre abismos
Sem medir os riscos, a arrogância, indiferença, prazer e dor
Prazer e dor...
Sempre tão cansado de refletir, reler Sant’anna e Carpaneda
Buscando redenção onde só tem papéis, tintas, ideias e evidências
Sustentando palavras e imagens
Que mal justificam o desperdício de cada cor e letra
Feito Ícaro e Lúcifer por vontade exposto ao bem e sol
Derrete e queima de prazer
Ignora o que vê
Quantas vezes já ultrapassou a tolerância
Sobrevivendo a overdoses e decadência?
Quanta inocência já devorou
Sem remorsos na consciência?
É mais um mês são tantos corpos
Entre risadas e lágrimas
Esqueço os rostos e nomes que não sei
Soco o espelho até pingar
A vida aflita que foge pra mim
Entre alucinações, ruídos, vultos
Faz tantos anos que não te vejo
Talvez eu morra sem outro beijo
Ou devore em calma os anos perdidos
Quando eu reencontrar você
É mais uma culpa
É outro beijo
Pecados e crimes
Demônios queimando no céu
Anjos de luz queimando no sol
Me perdoe se eu não for egoísta
Se me amar fuja pra não ver
É só um tiro na boca
Sinto fome, mas vou proteger você
É menos uma culpa
Menos um beijo
Menos um crime
Mais um pecado
Demônios queimando no céu
Anjos de luz queimando no sol
Me perdoe ou me esqueça
Amo você...