Vidas Opostas - Vinnicius Cladu.
Eu já não sou o espelho que um dia eu fui
Meu reflexo é o fogo que queimou o tempo
Fumaça! E o vento levando pra longe
De longe, a imagem que já se perdeu
Eu tenho saúde, dinheiro e emprego
O que é desapego?
Eu tenho um relógio, meu carro e um lar
Eu tenho segredos guardados comigo
E tenho até paz, meu amigo
Pois sei que não vou revelar
Uns amores que dormiram
Uns que até persistiram sem nem sair do lugar
Até já troquei os meus olhos
Olhos que já não veriam
Talvez até mentiriam
Se eu não caminhasse igual
Eu vi o tempo passando junto com as pernas na rua
Vi minha vida e a tua
Nuas no rio que há em mim
Vi o amigo jurando, cruzando os dedos nas costas
Vi duas vidas opostas
Num só sentido voar
Eu mesmo ergui minha ponte
Ora serviu de caminho, ora de sombra e de lar
Ora tão doce, de rio, ora salgada, de mar
Ora escaldante, de sol, ora brilhante ao luar
Eu já escalei este muro
Até enxerguei no escuro o que não se podia ver
Tive uns momentos de peito calado
Triste e até agalopado
E o cavalo alado
Já me levou pelo céu.
E ainda não vi o fim
Não quero o mundo pra mim
Eu só quero mesmo é voar
Voar e voar e voar...
Voltar pro meu chão e pousar
Olhar minha cama e deitar
E seguir nessa estrada sem fim...
Valente - BA, 01/04/15, (12:31).