SER BRASILEIRO
Samba.
Cadência que marca um estilo de vida
Que faz a mulata reinar na avenida
Que acorda do sonho de um ano inteiro
Que une os extremos da diversidade
Que agrupa as tribos em comunidade
Que espera ansiosa o mês de fevereiro.
Samba.
É a lágrima no rosto, mas de felicidade
É o espírito inquieto da fraternidade
E que nos empresta um jeito matreiro
É um livro aberto, jorrando clareza
É uma poesia plena de beleza
É toda energia de um forte guerreiro.
Samba.
É a herança bendita dos antepassados
De irmãos africanos trazidos forçados
E que celebraram em vossos terreiros
É a vida vencendo o mal da tortura
E pra extravasar toda aquela amargura
Soltaram seus gritos através do pandeiro.
Samba.
Que dá pelo surdo, seu tímido recado
Vindo de um suspiro mais cadenciado
Que dizem ser filho do Rio de Janeiro
Que a Bahia reclama essa maternidade
Que todos os baianos dizem ser verdade
Ter vindo de lá, o seu grito primeiro.
Samba.
De quem todos reclamam a sua parcela
Que mostra a bonança, tambem as mazelas
Com seu olho cítico que ver por inteiro
São as idas e vindas de um povo sofrido
Que luta, que vence, que até tem morrido
Que é acima de tudo é um ser brasileiro.