Não há lugar para mim
Pra que vivo?
Por que vivo?
Pra quem vivo?
Procuro um lugar, um bom lugar
Que me dê algum sentido
E os meus sentidos
procuram
Se cansam
Na roda de colegas
Cobranças, máscaras, invejas, maus risos
Não acho lugar. Esqueça.
Entre os antigos amigos
Mudaram. Frios, ambiciosos, "dane-se" lá e cá
Não... Não há lugar aqui
Meus parentes
Embriaguez, diálogos fúteis, desordem, ódio, gritaria
Não, por favor. Chega
Na igreja
Nem uma cesta básica, nenhuma mão estendida. Amam o ostentar
Não há lugar. Não posso.
No amor
Desconfianças, ciúmes, egoísmos, acúmulos e explosões
Vai. Preciso ficar só. Preciso achar um lugar.
Nem em casa
Preguiça, desdém, interesse, desaceitação, está tudo preso
Não consigo...
Vou pra rua
Matam o bom-dia, o com licença, o me desculpe
Não, não, não!
Dentro de mim
Meus olhos reprovam aquele que desdenha o próximo
Deus... Eu sou um deles. Nem em mim há lugar.
Por favor, me tire daqui
Por favor, me arranque, me ceife
Faz-me um trigo, e me ceife. Estou secando
Pra que tanta ira... Pra que tanta inveja...
Não veem?
Isso cansa a alma
A sufoca e mata
De manhã, abro os olhos
Está tudo mais morto
Inspiro, por oxigênio, para continuar vivo
E sufoco
Pai...
Não, Pai...
Não