Não há lugar para mim

Pra que vivo?

Por que vivo?

Pra quem vivo?

Procuro um lugar, um bom lugar

Que me dê algum sentido

E os meus sentidos

procuram

Se cansam

Na roda de colegas

Cobranças, máscaras, invejas, maus risos

Não acho lugar. Esqueça.

Entre os antigos amigos

Mudaram. Frios, ambiciosos, "dane-se" lá e cá

Não... Não há lugar aqui

Meus parentes

Embriaguez, diálogos fúteis, desordem, ódio, gritaria

Não, por favor. Chega

Na igreja

Nem uma cesta básica, nenhuma mão estendida. Amam o ostentar

Não há lugar. Não posso.

No amor

Desconfianças, ciúmes, egoísmos, acúmulos e explosões

Vai. Preciso ficar só. Preciso achar um lugar.

Nem em casa

Preguiça, desdém, interesse, desaceitação, está tudo preso

Não consigo...

Vou pra rua

Matam o bom-dia, o com licença, o me desculpe

Não, não, não!

Dentro de mim

Meus olhos reprovam aquele que desdenha o próximo

Deus... Eu sou um deles. Nem em mim há lugar.

Por favor, me tire daqui

Por favor, me arranque, me ceife

Faz-me um trigo, e me ceife. Estou secando

Pra que tanta ira... Pra que tanta inveja...

Não veem?

Isso cansa a alma

A sufoca e mata

De manhã, abro os olhos

Está tudo mais morto

Inspiro, por oxigênio, para continuar vivo

E sufoco

Pai...

Não, Pai...

Não

Vittor Az
Enviado por Vittor Az em 20/02/2015
Código do texto: T5143577
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