São Paulo
Eu já vivi aqui tempo o suficiente
Pra saber que de manhã o sol quente
Traz uma forte chuva ao entardecer
Em São Paulo da para sentir
As quatro estações num dia
Em São Paulo da para ouvir
O silêncio que não se pronuncia
Amar você tem me desgastado
Mas o que eu posso fazer?
Também tem desgastado você
Atritos sempre arrancam pedaços
Deixam palavras perdidas no espaço
Dizem que o tempo tudo cura
Isso é uma resposta falsa pra quem procura
Uma pequena segurança
O que o tempo faz
É apenas reorganizar as lembranças
O tempo põe tudo em seu devido lugar
Deixa tudo exatamente onde deve estar
Agora o presente, o futuro lá na frente
E o passado, o passado bem atrás
E eu não sei bem as soluções
Para acertar o rumo dos nossos corações
Nossas histórias se cruzaram tantas vezes
Parece que não querem separar
Embora a gente insista, não pare de tentar
Sem contato, nossas palavras cortam o ar
Sem contato, nossas palavras cortam a alma
Sem contato, o que posso falar?
Sem contato... sem contato...
Quando deixamos nossos corpos falar
E, inexplicavelmente, decidimos nos abraçar
As duvidas se vão, as cicatrizes se fecham
E eu faço uma presse pra você nunca partir
Quando você não está olhando, eu choro
Eu choro de alegria, ou choro de solidão
Eu sinto sua falta na vinda, na partida, na prontidão
Quando você está por perto dói
Quando você está longe dói
Quando você me abraça, tudo se reconstrói
Tudo faz sentido novamente
Me da vontade de seguir em frente
Eu não tenho facilitado as coisas
Mas você tem dificultado um pouco
O que posso fazer se sou um louco?
Todos somos, no fundo, realmente todos somos
E por aqui, nessa capital
Estamos cercados de pessoas
E no entanto... completamente à sós.