ALGUM ALGUÉM

Sobre sua tumba borbulhante sacode o mundo

Sobre sua tumba acorrentado pragueja mudo

Sobre sua tumba os vermes passeiam a tarde

Sobre sua tumba se ouve até lamentos de Marte

Pelos subterrâneos da loucura a sete palmos

Um coveiro descobre Algum Alguém

Enterrado torto de lado e arrependido

De não ter conhecido outro alguém antes do além

Algum Alguém ...

Que caminhou solitário pelos bosques da mente

E não encontrou a pista do Retiro dos Duendes

Travou o tempo e o espaço num esforço inexistente

De braços erguidos caminhando sempre em frente

Contemplando uma aurora boreal

Prosseguiu o caminho nesse mundo virtual

Descalço sem sentir os pés que caminham em espiral

Não deixando mais pegadas neste mundo animal

Nos seus pecados que só eram originais

Pegou pesado com as garras das mãos

Sentiu nas veias o sangue de cão

Baldado , salgado e esmagado em vão !

Carlos Hamilton e Eduardo Freiria
Enviado por Eugênio O Vate em 25/12/2014
Reeditado em 03/01/2015
Código do texto: T5080843
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