ALGUM ALGUÉM
Sobre sua tumba borbulhante sacode o mundo
Sobre sua tumba acorrentado pragueja mudo
Sobre sua tumba os vermes passeiam a tarde
Sobre sua tumba se ouve até lamentos de Marte
Pelos subterrâneos da loucura a sete palmos
Um coveiro descobre Algum Alguém
Enterrado torto de lado e arrependido
De não ter conhecido outro alguém antes do além
Algum Alguém ...
Que caminhou solitário pelos bosques da mente
E não encontrou a pista do Retiro dos Duendes
Travou o tempo e o espaço num esforço inexistente
De braços erguidos caminhando sempre em frente
Contemplando uma aurora boreal
Prosseguiu o caminho nesse mundo virtual
Descalço sem sentir os pés que caminham em espiral
Não deixando mais pegadas neste mundo animal
Nos seus pecados que só eram originais
Pegou pesado com as garras das mãos
Sentiu nas veias o sangue de cão
Baldado , salgado e esmagado em vão !