Pra te ver super bonita
Esta canção é de fevereiro de 2007, a fiz para expressar um momento importante da minha vida, quando fui estudar ,porque era necessário evoluir, e sobrecarreguei a minha esposa. Mesmo conversado antecipadamente, de que esse projeto de vida seria importante para ambos, sei que ela sofreu pela minha ausência.
"Pra te ver super bonita
E se sentir atriz da fita
A correr por um jardim
Atravessa o arvoredo
Com os braços bem abertos
Feito um lindo colibri
Tenho que voltar pra casa
Estou fora há muito tempo
Fui voando como folha pelo vento
Sem sentir eu me perdia
Tenho que voltar um dia
Recolher os pedacinhos desse tempo
Pra te ver super bonita
Se sentir atriz da fita
A correr por um jardim
Atravessa o arvoredo
Com os braços bem abertos
Feito um lindo colibri..."
Foram quase oito anos de muito e incansável esforço, que me fez cair, e levantar algumas vezes, me fez perder peso e saúde, e por mais que tenha me esforçado ,a fiz chorar de insegurança e solidão. Esta canção , que fiz muitos anos depois, é uma forma de valorizá-la, e dizer o quanto foi importante para mim , de dizer que tinha consciência , e sabia de sua tristeza, mas a vida nos cobra caro sempre que precisamos sair da inércia e evoluir.
O jardim é retratado em mais de uma canção das que já fiz, é um lugar lúdico, que não pertence a um mundo material, é aonde nos encontramos em sonhos, sem sermos perturbados, e libertamos os pensamentos e os desejos da alma, e lá foi que escolhi colocá-la nesta canção, que é muito dela.
O tempo não se recupera jamáis, ele passa, transforma, nos faz crescer e amadurecer, mas também nos cobra alto, e quando disse , "recolher os pedacinhos desse tempo...", é como me senti, como se tivesse quebrado o " vaso" em muitos cacos, e estivesse tentando juntá-los , mesmo sabendo que as coisas nunca retornam ao seu estado natural.
Quantas vezes me senti perdido dentro de uma lucidez, porque a alma humana é inquieta, e mesmo que estejamos limpo , e decididos, temos uma vontade enorme de jogar tudo pro alto, e dar um "basta". Quantas vezes temos a impressão que criamos as nossas próprias armadilhas, e que a inquietação é fatal, ou pode nos levar ao fim, e não ao começo ? Sou inquieto, muito embora passe uma paz ... Muitas vezes ouvi, " você é tão calmo...", e não sou, estou a anos luz de ter uma calma, há uma fera dentro de mim, que me morde e arranha, e que mal consigo dominar.
Esta música é considerada por vários amigos, músicos profissionais, uma bela canção, diferente ,e que bem poderia ter sido feita há 500 anos atrás, que ainda seria atual. Na gravação, a minha esposa canta comigo enquanto a dedilho ao violão, e para nós ela é uma música realmente muito especial e verdadeira, é um dos pedacinhos que consegui recolher.