O Bóia-Fria
"De manhãzinha quando ainda está escuro
O galo canta ele vem me acordar
Faço o café e tomo com pão duro
Não tem futuro, vivo sempre a lamentar
Logo bem cedo preparo o meu almoço
Faço a marmita pro trabalho vou levar
Ligo o rádio uma cantiga ouço
De um pobre moço que trabalha sem parar
Sou bóia-fria, sou
Sertanejo forte e bravo
No frio ou no calor
Eu trabalho como escravo
No peito a solidão
E no meu coração
A rosa do meu cravo
De tardezinha de novo está escuro
Volto pra casa e espero encontrar
Minha família que teve um dia duro
Tão inseguro eu não sei vou jantar
Chego na casa e vejo meus filhinhos
Sem alegria, pois não deu pra estudar
Não tinha calça, camisa e sapatinhos
Nem caderninho pra lição copiar
Sou bóia-fria, sou
Sertanejo forte e bravo
No frio ou no calor
Eu trabalho como escravo
No peito a solidão
E no meu coração
A rosa do meu cravo."