DOTE
Ai que sina!
Que sina alguém pode herdar,
Transformar-se em matinta-pereira,
Tão logo vê a noite chegar.
Que bela, quão linda era ela,
Os homens lhe andavam atrás,
Como agora tão pálida está,
Sombria, ninguém lhe quer mais.
Tabaco para o seu cachimbo,
Coitado de quem o negar,
Tal surra lhe joga na cama,
A morte vem lhe abraçar.
Quem vira matinta-pereira,
Um dia também vai morrer,
O velório é uma coisa feia,
Assovios fazem a terra tremer.
Mas quando a morte se aproxima,
Filha ou neta ela manda chamar,
A quem vai passar sua sina,
Matinta, também vai virar.
(Vozes do Amapá)
Musicada por Gessulino Barros