DESCAMPADO
Chora o pau-d’arco,
Ô lelê,
Chora o chorão,
O lalá,
E a macacaúba,
Meu deus,
Não há mais,
Não há mais não,
Andirobeira,
Onde tem?
Nem para remédio
Tem mais,
Tanta clareira
Aqui tem,
Até me dá tédio
Demais.
Quando
A vil motosserra
Descasca a terra
E semeia desgraça,
Não escapa um raminho
Do fogo daninho
Que espanta a caça,
Ainda assim o patrão,
Com seu jeito mandão,
Diz que sente amor,
Pela terra polida,
Amazônia falida,
Que ele plantou.
Nossa madeira se esvai,
Mas o dinheiro não vem,
Por cada tora que sai,
Tanta desgraça provém,
Despedaçando Santana
E nossas vidas também,
Que morre à míngua
E ainda sonha
Neste mundo de ninguém.
(Vozes do Amapá)
Musicado por Gessulino Barros