Dona Flor

Depois de me colocar no centro das intenções

No tiro ao alvo de qualquer negócio

Depois de me tirar do palco

Nutrir meu verso

Decorar minhas falas

Depois de dispor de confissões atemporais

Impor paixão dissimulada

Vestir impressionante mal caráter

Depois de receber as comissões

Demitir a ilusão

Por em nota a dimensão da confusão

Me faço em cela de reclusão

Me alço em plano de detenção

Recuso o manto rubro idolatrado

Me componho de toga turva e me condeno

Ao infame declinar

De não amor

De vida sem me atar

De dor sem nem amar

Invento um jogo

De distâncias resolvidas

Frases polidas

Paixões regradas

Barreiras mentidas

Em luto aos prantos

Rodeio os campos libertos e cheios

De alma viva e curiosa

É num brando convívio

Num acaso contundente

Que irradio a moradia fria

Limitada ao medo que conservo

Sem espaço para arder de novo

Intensamente

Eternamente

Insanamente

Insana a mente

E sã não mente

Peter Dahn
Enviado por Peter Dahn em 18/09/2014
Código do texto: T4966120
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