Dona Flor
Depois de me colocar no centro das intenções
No tiro ao alvo de qualquer negócio
Depois de me tirar do palco
Nutrir meu verso
Decorar minhas falas
Depois de dispor de confissões atemporais
Impor paixão dissimulada
Vestir impressionante mal caráter
Depois de receber as comissões
Demitir a ilusão
Por em nota a dimensão da confusão
Me faço em cela de reclusão
Me alço em plano de detenção
Recuso o manto rubro idolatrado
Me componho de toga turva e me condeno
Ao infame declinar
De não amor
De vida sem me atar
De dor sem nem amar
Invento um jogo
De distâncias resolvidas
Frases polidas
Paixões regradas
Barreiras mentidas
Em luto aos prantos
Rodeio os campos libertos e cheios
De alma viva e curiosa
É num brando convívio
Num acaso contundente
Que irradio a moradia fria
Limitada ao medo que conservo
Sem espaço para arder de novo
Intensamente
Eternamente
Insanamente
Insana a mente
E sã não mente