Quem é o inimigo agora ?

Meu caro,
Que saudades dos velhotes,
Do tempo em que se tinha
A quem culpar

O povo esperneava
No garrote
Mas bem sabia
De que forma revidar
 
A turba se escondia
Atrás dos muros
Ouvia a agonia
Que chegava dos porões

Suava o sangue quente
No escuro
Amanhecia ardendo
Em ódio dos vilões
 
Mas hoje o inimigo
É sem patente
Meu caro não há
Como protestar ...

Dinheiro que se guarda
Nas ceroulas
Agora não se sabe
Contra quem lutar


No braço fez-se
Livre dos grilhões
Tentou reconstruir
Velho presente
 
Seu dedo agora
Aponta a escuridão
Não vai reconhecer
O que é ausente

A gente do passado
Era da luta
Vivia o rigor do frio
Corte do punhal

Mas hoje vive bem
Na sua culpa
Deixou de distinguir
O bem do mal

Refrão
 
Se abriga em modernas
Casamatas
Esquece que ainda
Muito está por vir

Forjada por discursos
E bravatas
Só pensa no metal
De repartir
 
O sapo que contou
Tantas histórias
Por sorte a princesa
Não beijou

Escarnece e ri do povo
Sem memória
E diz que não sabia ...,
... Alguém criou

Refrão

O novo inimigo
É tão antigo !!!
Trocou a baioneta
Por gravatas de cetim

Reparte ainda mais
O que é partido
Murchou todas
As flores do jardim !!!

A voz que vem do tempo
É sem abrigo
Ninguém conhece mais
Esse verdugo

Que impõe belo discurso
Sem sentido
E abraça um povo inerte
E tão confuso

Refrão

 


 




 
Germano Ribeiro, Paulo Cesar Coelho e Maria Aranilda de Araújo
Enviado por Germano Ribeiro em 10/09/2014
Reeditado em 24/12/2016
Código do texto: T4957051
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