Vinte e Dois Anos

Por vinte e dois anos, vivemos juntinhos,

Trocamos carinhos, e eu era feliz,

Mas num temporal, tudo escureceu,

E então se perdeu, tudo aquilo que eu fiz.

Rompeu-se o amor e machuca demais,

E os meus tristes ais, nesta solidão,

Somente a lembrança e também seu retrato,

De um amor ingrato que é a minha paixão.

Cantando eu vivia, alegre sorrindo,

E um amor infindo a comemorar,

Pegava o violão e cantava pra ela,

E a prenda mais bela, ficava a escutar.

Depois fui sabendo que o meu grande amor,

Não dava valor ao meu amor de agora.

Vivia somente pra minha ilusão,

Mas pro seu coração eu já era de outrora.

Trabalhando sempre e saindo de noite,

Sentido o açoite da brisa em seu rosto,

Foi me esquecendo e talvez nem sabia,

Ou então não queria me dar mais desgosto.

Mas como na vida, tudo é descoberto,

O errado ou o certo, um dia se sabe,

As pedras rebentam e o ferro enferruja,

O aço se suja antes que se acabe.

Em vinte e dois anos, tudo lindo era,

E nesta primavera, seu amor morreu,

Meu filho querido, chorando a tristeza,

E no peito a incerteza, no dele e no meu.

Gedeão Cavalcante.

Gedeão Cavalcante
Enviado por Gedeão Cavalcante em 28/08/2014
Reeditado em 14/11/2014
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