MESTRE VITALINO
Eu sei de cor a incerteza
Conheço a ingratidão
Mestre Vitalino o incontestável
Não tinha roupas adequadas
Mas se adequava naturalmente
A qualquer ocasião
Nunca assinou uma peça
Mas deixou na história
Toda sua inspiração
Nunca queimou santos de barro
Pra não lhes negar a salvação
Penso que não era homem
Era arcanjo numa humanização
Penso que era a resiliência
Que protegia essa nação
Espalhando o divino
Pelo seu sopro no pífano
E cura pelos dedos de suas mãos
Cale sua descrença
Não reclame
Não me faça afronta
Preste atenção
Mestre Vitalino intimista do barro
Morreu de febre na pobreza
Sem ninguém lhe dar a mão
Nunca se queixou com Deus
Nem com seus traidores
Nunca fez traição
Mas até hoje desperta
Em qualquer olhar
Toda a admiração
Se em vida tu fores um Vitalino
Em morte serás outra vez divino
E ele lhe dará suas mãos e sopro de criação