MAIS UM BRASILEIRO
Nada vejo, nada ouço, nada falo
Sinto tudo repudio, mas me calo
Sou mais um na timidez deste absurdo
Como um cego tateando sigo em frente
Indigente como meu irmão ao lado.
E calado continuo indiferente
Tão sisudo como um mudo alienado
Sobre o muro faço assim o meu caminho
E sozinho brigo com a consciência
Penitente vou purgando os meus pecados.
Já sem fé sou a ralé do cativeiro
Sem consolo cabisbaixo sem patente
Sou marcado e não único
Nem da lista, sou primeiro
Sou apenas contingente
Do fracasso dessa massa tão errante
Agravado e agravante
Sou apenas mais um descontente brasileiro.