A ESTRADA E O VIOLEIRO - SIDNEY MILLER

NA NOITE DE 25 DE JUNHO DE 2014

Uma lindíssima canção dos tempos da ditadura militar, que teve premiação como melhor letra em um dos festivais da TV Record, creio que em 1967. Seu autor, o grande Sidney Miller, esquecido, neste país de esquecimentos. Quem tiver interesse em conhecer esta canção com sua melodia, dê um pulinho no Áudio do Recanto. Vale a pena, não por mim, mas, para conhecer “A Estrada e o Violeiro”.

A ESTRADA E O VIOLEIRO - SIDNEY MILLER

Sou violeiro caminhando só, por uma estrada caminhando só

Sou uma estrada procurando só levar o povo pra cidade só

Parece um cordão sem ponta, pelo chão desenrolado

Rasgando tudo que encontra, a terra de lado a lado

Estrada de Sul a Norte, eu que passo, penso e peço

Notícias de toda sorte, de dias que eu não alcanço

De noites que eu desconheço, de amor, de vida e de morte

Eu que já corri o mundo cavalgando a terra nua

Tenho o peito mais profundo e a visão maior que a sua

Muita coisa tenho visto nos lugares onde eu passo

Mas cantando agora insisto neste aviso que ora faço

Não existe um só compasso pra contar o que eu assisto

Trago comigo uma viola só, para dizer uma palavra só

Para cantar o meu caminho só, porque sozinho vou à pé e pó

Guarde sempre na lembrança que esta estrada não é sua

Sua vista pouco alcança, mas a terra continua

Segue em frente, violeiro, que eu lhe dou a garantia

De que alguém passou primeiro na procura da alegria

Pois quem anda noite e dia sempre encontra um companheiro

Minha estrada, meu caminho, me responda de repente

Se eu aqui não vou sozinho, quem vai lá na minha frente?

Tanta gente, tão ligeira, que eu até perdi a conta

Mas lhe afirmo, violeiro, fora a dor que a dor não conta

Fora a morte quando encontra, vai na frente um povo inteiro

Sou uma estrada procurando só levar o povo pra cidade só

Se meu destino é ter um rumo só, choro em meu pranto é pau, é pedra, é pó

Se esse rumo assim foi feito, sem aprumo e sem destino

Saio fora desse leito, desafio e desafino

Mudo a sorte do meu canto, mudo o Norte dessa estrada

Em meu povo não há santo, não há força, não há forte

Não há morte, não há nada que me faça sofrer tanto

Vai, violeiro, me leva pra outro lugar

Eu também quero um dia poder levar

Toda gente que virá

Caminhando, procurando

Na certeza de encontrar