NATUREZA MORTA
A caatinga está em chamas!
E a natureza de luto.
E eu luto!... E eu canto!...
Para ela não ficar.
Arbustos e árvores queimadas,
Denunciam um ato fúnebre.
E formam um manto negro.
Um negro amanhã.
Os bichos se refugiam – e fogem!
Da morte, do seu habitat.
E um beija-flor, temendo a extinção,
Tenta, em vão, o fogo apagar.
Urubus e carcarás sobrevoam
O céu turvo à procura de alimentos.
E logo encontram a carcaça
De mais uma raça que se queimou.
E os bichos choram. E os homens riem.
E comemora a devastação e a extinção.
O aumento dos seus lucros!
Seus meios destruidores se multiplicam.
E tornam-se fortes e poderosos.
Corpos sem coração.
E cavam a terra em busca de minérios.
Reservas se esgotam...
Poluem o rio e o ar.
Transformam a natureza em uma natureza morta.
E fecham a porta
Por onde podiam passar.
Marcos Aurélio Mendes
Miguel Inácio