JOÃO, JOSÉ, MARIA E A RUA
O que essa pessoa tem? Tem rua e tem chão. Hoje, nasce mais uma: nua cria... crua; cresce, amadurece, sem cama e banho, Maria; você é tão nova e já tem rugas! Como sua! Como está suja!
Zé, a tua Maria atua em mais um dia de cão! Você vai reproduzir sem uma "camisa de Vênus", pelo menos, sem querer e pelo simples e único prazer... Que tal morrer de fome com as calças de algum João, pelo simples e único "não ter"...?
Deixe, então, aquela "camisa com terra", a xícara amarela e menos da metade do pão que acabou quando você tirou da própria boca, para satisfazer filhos, mulher e irmão.
Para quem fica, herde tudo o que, eternamente, soará em suas memórias: murmúrios de honestidade, amor e humildade, que amanhã causarão ecos emocionais que o pobre nada mais... "tem"?...
... à lua, pensou alto Maria, em mais uma construção social de algum sistema que se favorecia. Alguém, também, refletia sobre ela, num resto de poça na calçada do seu quarto: - Como pode um corpo pequeno, inseguro e sem esperanças, sobreviver a um planeta de gigantes que impõe fome com a vontade de mais ter?! Meu Deus, quanta ânsia por mais ganância de poder ter poder!
Maria, não, você tem a oportunidade de ser o sim da fé que remove montanhas, aquela do Zé, que agora acredita apenas em um mundo melhor.
Por enquanto, só, ela tem lama e fama de inferioridade. Muito complexo não entender sua prosperidade.
Ah, triste e contraditória realidade de quem sabe apenas "ler" as figuras: agora, o herdeiro e guerreiro, outro menino pega um jornal para fazer uma fogueira e tentar se esquentar das firulas frias que a noite sempre tem.