A peleja do menino Virgulino contra João Trabuco

Uma história cabeluda,

Uma coisa de maluco.

Um fato assucedido,

No sertão de Pernambuco.

Um cabra bão no repente,

Por nome de João Trabuco.

Não perdia um desafio,

Na viola absoluto.

Mas alguém quisesse matar

E não tivesse coragem.

Chamava o João. Trabuco,

Que matava sem piedade.

Nesse fiapo de sertão,

Também tinha um menino.

Tinha lá seus quinze anos,

Se chamava Virgulino,

Tinha o maior orgulho,

De chama quá Lampião.

Ao contrário do famoso,

Ele não matava não.

Era um violeiro nato,

Mas vaqueiro de função.

Um dia se encontraram,

Trabuco e Virgulino.

Em noite de lua cheia,

Em casa de Zé Rufino.

Peleja findou ligeira,

Um raio na escuridão.

Virgulino humilhado

Arribou sem explicação.

Trabuco cantou vitória,

Soberbo quá um leão.

Virgulino o menino,

Na pega do boi morreu.

Mas mesmo depois de morto,

O menino não cedeu.

Virou se tanto na cova,

Que a terra inté tremeu.

Parecia o fim do mundo,

Todo mundo se escondeu.

E uma surpresa daquelas,

Pro Trabuco aconteceu.

Meia- noite, hora do açoite,

A viola deu o recado.

Cada corda que gemia,

Era um ai desesperado.

A alma de Virgulino,

Tocava uma ciranda.

João Trabuco o valente,

Chorava que nem criança.

Virgulino falecido,

Venceu e em fim descansa.