SAMBA DE PARTIDO ALTO - PANDEIRO E CAVAQUINHO

Seu Xerém, me faz um favor

De sentar um pouquinho aqui ao meu lado

Enquanto a lua De Carnaubal

Se emperiquita para ser a tal

Enquanto eu afogo mágoas pelas rosas

Em revoadas no baile das Mariposas

Eis aqui, tome acento

Do lado de cá dessa linha do tempo

Que não tem mais o trem das onze

Somente a vista de Belorizonte

Do alto a Imaculada Conceição

Sai de férias pra voltar nas cinzas

Entrega as chaves da cidade ao rei

Valdeci de coroa e vendaval

Pra folia de mais um carnaval

Aqui na praça vou tomando uns goles

Em parceria com a boemia

Chegou pandeiro, vai chorando a cuíca

Uma panderola e a voz do samba

Descendo dos morros e das periferias

Um cavaquinho para nossa alegria

A orquestra toda afinada

Vai dando passagem para a voz do samba

Mulata boa de sorriso ilustre

A nossa rainha já assentou praça

No estandarte um nome lustroso

De muitas fitas e da cor do mato

Índios de penas e arcos com flechas

Saindo todos da Lagoa do mato

Vêm todos num canto de noite

Cuspindo fogo pela avenida

Enquanto o bloco da saudade ensaia

Uma nova marcha lá nos Pereiros

E o maracatu Rei de paus no baque solto

Faz as baianas levantar poeira

Vem no meio o São Jorge guerreiro

Em seu cavalo como rei de Angola

Vem as calungas e as damas do passo

O rei e a rainha com o seu vassalo

Pra fazer samba para esse povo todo

só tendo a alma estendida no quarador

Depois de ser lavado com o anil

Pelas mãos das pretas desse imenso Brasil

Porque esse será o samba mais lindo

Explodido como fogos de rojão

No sábado de Zé Pereira

Aqui na praça do mercado do alto

Um samba de partido alto, em dueto

Pelos olhos das gentes em torcida

Vendo a escola passar majestosa

Aqui por toda essa avenida

Será o samba, seu Xerém, me faz favor

De sentar aqui um tiquinho

Cê vai de pandeiro, eu de cavaquinho