Ladainha do Velho Chico

O mesmo cabra que foi,

È o mesmo que voltou.

Cantando em ladainha,

A morte da fulõ Maria,

Que o velho Chico criou.

Nas margens do velho Chico,

Nasceu Maria fulõ.

A cabocla mais bonita,

Que esse mundo forjou.

Tinha o zóio amendoado,

Mel da cana teu sabor.

Corpo da cor do pecado.

Todo feitinho de amor.

Nas margens do velho Chico,

Jerônimo se criou.

Ganhava a vida pescando,

Derramando seu suor.

Jerônimo foi ao Chico,

Maravilhado avistou,

Fulõ Maria se banhando,

Logo se enamorou

Tudo que é bom dura pouco,

Já diz o velho ditado.

Numa tarde de “inverno”

Um destino foi traçado.

Jerônimo e flor Maria,

Passeavam enamorados

Desafiaram o tempo,

Véio Chico ficou zangado

A jangada afundou,

Levando a alegria.

Que Jerônimo sentiu

Quando avistou Maria.

O cabra que foi alegre,

Hoje é somente dor.

Hoje chama por Maria

Canta triste ladainha

Doido varrido de amor.

O mesmo cabra que foi,

È o mesmo que voltou.

Implorando em ladainha,

A volta da fulõ Maria,

Que o mesmo Chico levou.

Nilo Carvalho
Enviado por Nilo Carvalho em 04/03/2014
Código do texto: T4715350
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