Ladainha do Velho Chico
O mesmo cabra que foi,
È o mesmo que voltou.
Cantando em ladainha,
A morte da fulõ Maria,
Que o velho Chico criou.
Nas margens do velho Chico,
Nasceu Maria fulõ.
A cabocla mais bonita,
Que esse mundo forjou.
Tinha o zóio amendoado,
Mel da cana teu sabor.
Corpo da cor do pecado.
Todo feitinho de amor.
Nas margens do velho Chico,
Jerônimo se criou.
Ganhava a vida pescando,
Derramando seu suor.
Jerônimo foi ao Chico,
Maravilhado avistou,
Fulõ Maria se banhando,
Logo se enamorou
Tudo que é bom dura pouco,
Já diz o velho ditado.
Numa tarde de “inverno”
Um destino foi traçado.
Jerônimo e flor Maria,
Passeavam enamorados
Desafiaram o tempo,
Véio Chico ficou zangado
A jangada afundou,
Levando a alegria.
Que Jerônimo sentiu
Quando avistou Maria.
O cabra que foi alegre,
Hoje é somente dor.
Hoje chama por Maria
Canta triste ladainha
Doido varrido de amor.
O mesmo cabra que foi,
È o mesmo que voltou.
Implorando em ladainha,
A volta da fulõ Maria,
Que o mesmo Chico levou.